12 setembro 2011

A morte da executiva bem-sucedida

Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no
peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou-se. Quando voltou a abrir
os olhos, viu-se diante de um imenso Portal.
Ainda meio tonta, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas. Todas vestindo
cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que
estava a acontecer, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes:
- Enfermeiro, eu preciso voltar com urgência para o meu escritório, porque
tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por
engano, porque o meu seguro de saúde é Platina, e isto aqui está a
parecer-me mais a urgência dum Hospital público. Onde é que nós estamos?
- No céu.
- No céu?...
- É.
- O céu, CÉU....?! Aquele com querubins, anjinhos e coisas assim?
- Exacto! Aqui vivemos todos em estado de graça permanente.
Apesar das óbvias evidências, ausência de poluição, toda a gente a sorrir,
ninguém a usar telemóvel, a executiva bem-sucedida levou tempo a admitir que
havia mesmo batido a bota.
Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis
técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável.
Porque, ponderou, dali a uma semana iria receber o bónus anual, além de
estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de
administração da empresa.
E foi aí que o interlocutor sugeriu:
- Talvez seja melhor a senhora conversar com Pedro, o coordenador..
- É?! E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?
- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.
- Assim? (...)
- Quem me chama?
A executiva bem-sucedida quase desabava da nuvem. À sua frente, imponente,
segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro.
Mas, a executiva tinha feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu logo:
- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida
e...
- Executiva... Que palavra estranha. De que século veio?
- Do XXI. O distinto vai dizer-me que não conhece o termo 'executiva'?
- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.
Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade
ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de
gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a
executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim
dizer, celestial ali na organização.
- Sabe, meu caro Pedro. Se me permite, gostaria de lhe fazer uma proposta.
Basta olhar para essa gente toda aí, só na palheta e andando a toa, para
perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na
produtividade sistémica.
- É mesmo?
- Pode acreditar, porque tenho PHD em reorganização. Por exemplo, não vejo
ninguém usando identificação. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e
quem faz o quê?
- Ah, não sabemos.
- Percebeu? Sem controlo, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o
tempo isto aqui vai acabar em anarquia. Mas podemos resolver isso num
instante implementando um simples programa de targets individuais e
avaliação de performance.
- Que interessante...
- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um
organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis
psicológicos não consigam resolver.
- !!!...???...!!!...???...!!!
- Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir
as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Accionista... Ele existe, certo?
- Sobre todas as coisas.
- Óptimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo,
encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o
marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto
valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, parece-me extremamente
atractivo.
- Incrível!
- É óbvio que, para conseguir tudo isso, teremos de nomear um board de
altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim
de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias da praxe.
Porque, agora falando de colega para colega, tenho a certeza de que vai
concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar num
Turnaround radical.
- Impressionante!
- Isso significa que podemos partir para a implementação?
- Não. Significa que a senhora terá um futuro brilhante... se for trabalhar
com o nosso concorrente. Porque acaba de descrever, exactamente, como
funciona o Inferno...

Max Gehringer
(Revista Exame)

01 setembro 2011

Carta aberta a Passos Coelho


Passos!

Depois de muito pensar; como bom português; penso que achei a solução para diminuir o défice.

Proibir a publicidade a produtos estrangeiros...

Estás admirado com esta ideia?

Também eu fiquei quando a tive!

Eu explico-te.

Uma boa publicidade cria necessidades...

(estás a ver o anúncio com Soraia Chaves em corpo de sereia?)

Essas boas... publicidades fazem as pessoas comprarem...

Dessas compras, muitas são a crédito, desses créditos muitos ficarão por pagar e assim por diante...

O défice aumenta e ficamos ainda mais falidos...

Mesmo a simples publicidade desde que bem feita devia ser excomungada dos média...

Por ex:

O batom....

A publicidade ao batom, aquele vermelho vivo, cria e aumenta...

também o défice...

Quantos mais batons se venderem, mais experiências são feitas em animais, e mais se aumenta a degradação da sociedade tendo em conta o desejo que uns lábios vermelhos provocam nos homens...

esses por sua vez libertam mais testosterona...

não trabalham tanto...

gastam dinheiro neles para ficarem mais bonitos...

as mulheres...

felizes por seduzirem, trabalham menos, traem os companheiros, esquecem-se da vida doméstica, gastam mais dinheiro em roupas, malas, carteiras e sapatos que não precisam e aumentam...


o défice...

Toda a economia, a estabilidade familiar, social e politica podem ficar prejudicados por um simples batom vermelho...

olha o Bill Clinton com a Mónica... quase que os Estados Unidos iam à ruína moral e económica por causa indirecta, eu sei...

mas de um batom vermelho... a mancha vem já a seguir...

Isto tudo por causa da publicidade...

Agora Passos falemos da publicidade a lingerie...

Tas a ver a noiva do Cristiano Ronaldo??!! Aquela boazona!! A lingerie que ela usou na publicidade no Natal passado esgotou nas lojas, deu uns acidentes na estrada, provocou certamente muitas horas de falsas baixas para se usar por minutos... eh eh eh essa dita lingerie...

tudo por causa da publicidade...

Proíbe a publicidade por um ano e a economia cresce, os divórcios diminuem, a estabilidade social volta ao tempo da outra senhora...

Conforme a Ferreira Leite dizia... precisamos de uma ditadura por 6 meses... começa pelo batom!!


P.S. E coloca uma ruiva a assessora de imprensa, verás que os jornalistas não adormecem nas conferências monótonas do ministro das finanças...

uma ruiva é e será sempre uma ruiva!

Por mail, envio-te o número de telemóvel de uma...

Abraço!

Treino 01/09/2011

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Treino 30/08/2011

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